domingo, 10 de fevereiro de 2008

a minha sexta-feira "de carnaval"

Se naquele dia amanheceu cedo, a culpa foi tua: única e exclusivamente tua. Nem me dei ao luxo de ficar mais um minuto que fosse na cama, não fosse eu atrasar-me e perder-me de ti (ou não chegar a encontrar-te). As malas já estavam feitas de véspera, a roupa arranjada, a alma pronta. Estava tudo nos conformes.
Saí de casa à pressa. Aterrorizava-me a ideia de perder o comboio, ficar para trás. “Filha, ainda tenho de ir ao multibanco!” disse-me a minha mãe, já dentro do carro. Tinha mesmo de ser? Está bem que ainda faltava meia hora, mas… Ahh!!
Acelerar, multibanco, acelerar, estação.
O comboio estava a chegar. Afinal era real, eu ia mesmo embarcar, e dentro de três horas ver-te-ia especado à minha frente, pela quarta vez. Quarta? Parece que foi uma vida que já passámos juntos. E se não foi, vai ser. (irrita-me que a minha mãe se ria sempre que eu digo que vamos casar)
O comboio andava agora mais depressa. Já não sabia se faltavam 5 ou 10 minutos, tinha perdido a conta.
“Próxima estação: Vila Nova de Gaia.”
Pumpum, pumpum, pumpum, pumpum. O coração batia e as pernas tremiam. Já não era a primeira vez que experimentava esta sensação, mas para mim era como se fosse.
O comboio parou. Olhei pelo vidro e lá estavas tu, em pé, com um sorriso largo e olhos a brilhar. Abraçámo-nos, e larguei-te num só gesto. Não precisava de gastar todo o amor ali: tínhamos todo o tempo à nossa frente.
As horas seguintes passaram a voar, contigo e com os outros: na rua, no cinema, na rua, em casa. Mas não importava, pois os dias seguintes seriam nossos, de nós, para nós.

1 comentário:

eli disse...

.
Sob influência do post da Joana, acabado de ler:

Viva o amor

É tempo, amor
É hora
Não demora
Por favor
Tristeza a gente chora
Mas agora
Viva o amor

Agora é o carnaval
É hora de mandar ver
Por que resistir
Pra que duvidar
Veja lá
Quem resolve é você
Meu amor

in Vinicius de Moraes, Livro de Letras


*** Belíssimo texto, Mariana :)

e.